sexta-feira, 9 de maio de 2014

A Belota e esta coisa de criar pessoas de raíz

No Domingo passado tive vontade de vir escrever no blog. Senti que era a pessoa mais importante do mundo e que toda a gente, em todos os cantinhos do planeta, assinalava o meu maior feito. Celebrei o meu primeiro dia da mãe como mãe.
Depois de não sei quantos anos por aqui a dar e receber conselhos sobre saídas, engates, visões femininas e masculinas do mundo, e o fantástico (leia-se chanfrado) universo das relações amorosas, dei por mim com uma Belotinha de dois meses e meio nos braços.
E podia dizer "a minha vida mudou radicalmente". E mudou. Mas não no sentido de que deixei de fazer as coisas que fazia antes ou que prescindi de mim e da minha vida habitual. O que aconteceu foi que as coisas passaram a ter outro sentido. O computador avariou com projectos e as histórias dos últimos anos lá dentro, o telemóvel ficou submerso debaixo de uma garrafa de água (pai, a culpa não foi minha!) e perdeu notas e imagens, e, de repente, nada disso interessa, porque olho para pai e filha e tudo o que preciso está ali. E eu que nunca tinha pensado muito em ter filhos e que nem em pequena brincava aos pais e às mães (enfim, pelo menos não da forma mais correcta). E agora é isto que se vê!
Nesta casa trocam-se as fraldas em cima da mesa de snooker (que sirva para alguma coisa além de roubar o espaço da mesa de jantar), leva-se a criança ao pediatra com a roupa e a touca enfiadas aos contrário (isto da roupa de bebé é uma aventura), chama-se sra. engenheira à enfermeira do curso pré e pós-parto (tivemos a casa em obras durante muito tempo) e veterinária à pediatra (tive cão durante 10 anos, o bebé é novidade). E faz-se tudo isto com o maior dos sorrisos.
Quem seguiu este blog conhece o meu pai em toda a sua genialidade (e disparate) e depois há ainda a minha mãe, que é o melhor exemplo e a melhor do mundo. E vê-la com esta coisinha nova e pequenina nos braços, enquanto lhe sussurra com um sorriso o Frère Jacques, aquece-me todos os bocadinhos do coração. O Domingo que passou foi dia da mãe. De todas as mães. E foi o meu primeiro.
Por aqui o copo não está nem meio cheio nem meio vazio. Está a transbordar. De felicidade. E às vezes apetece-me vir cá contar.


To Hell with the world. I can make my own people! - Jerry Seinfeld